Na contramão das estatísticas e estudos sobre o deserto de oportunidades nas regiões periféricas do Brasil e da desigualdade social como marca em uma das cidades mais ricas como São Paulo, moradores do distrito de Iguatemi, considerado o 5º pior bairro para viver de acordo com dados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), driblam todos esses dilemas e provam que é possível ter o próprio negócio.
Com a ajuda de um instituto que nasceu no início da pandemia de Covid-19, com o objetivo de prestar apoio às famílias afetadas pela perda de renda e pela fome crescente, os moradores da região encontraram mais do que apenas assistencialismo para as necessidades emergenciais de alimentação. Essas pessoas, muitas sem com grau de instrução baixa, também descobriram uma fonte de conhecimento e projeção de futuro.
Com o apoio de empresários, o Instituto Hope Box, liderado por Wellington Adriano, já entregou mais de 100 certificados aos alunos dos cursos gratuitos de confeitaria artesanal e panificação. Além disso, mais de 30% deles já estão empreendendo. É o caso de Natália Bernardo Brotas, 29 anos, aluna da primeira turma do curso em 2023 e proprietária da loja Doces da Naty. À época, ela estava desempregada e sem poder trabalhar fora por conta do seu filho recém-nascido.
“Encontrei no instituto uma oportunidade de ter uma profissão. Descobri a minha paixão pela confeitaria e hoje tiro todo o meu sustento com os meus doces. Hoje, posso dizer que faço parte da lista de empreendedores da minha cidade e contribuo para a geração de renda da região onde moro”, destaca Natália.
Para Wellington Adriano, a missão do instituto é ir além do assistencialismo, é transformar vulnerabilidade social em oportunidades. “Eu nunca quis apenas entregar uma cesta básica e ser visto como uma fonte inesgotável para suprir a fome do momento. A minha luta sempre foi e sempre será dar todas as ferramentas possíveis para que cada um seja provedor de seu próprio sustento e tenha condições de ajudar outras pessoas.”
Atualmente, 50% dos moradores de favela empreendem, totalizando 5,2 milhões de empreendedores, conforme aponta um estudo do Data Favela.