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Perereca ameaçada de extinção ganha novo espaço para reprodução na ‘maternidade de animais silvestres

Centro de conservação da fauna triplica a área destinada à espécie; espaço também faz a reprodução de animais como araras, micos, tamanduás e saguis

Redação
Por: Redação
29/11/2024 às 15h57
Perereca ameaçada de extinção ganha novo espaço para reprodução na ‘maternidade de animais silvestres
Perereca ameaçada de extinção ganha novo espaço para reprodução

 Mais de 260 pererecas-pintadas-do-rio-pomba, anfíbio com risco extremo de desaparecer da natureza, ganharão ainda em 2024 um novo espaço em Araçoiaba da Serra para se reproduzirem. No local, funciona o Núcleo de Pesquisa e Conservação de Fauna Silvestre (Cecfau), a “maternidade de animais silvestres” ligada à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo, que promove a reprodução de animais ameaçados de extinção. As pererecas serão alocadas em um ambiente de 60 m², três vezes a área que ocupam atualmente, o que facilitará o manejo dos anfíbios e possibilitará a ampliação das reproduções e dos objetivos de pesquisa.

Além da perereca-pintada, a “maternidade de animais silvestres” trabalha atualmente com a conservação de outras cinco espécies ameaçadas de extinção: arara-azul-de-lear, mico-preto, mico-leão-de-cara-dourada, tamanduá-bandeira e sagui-da-serra-escuro.

Criticamente ameaçada de extinção, a perereca-pintada vive próxima do Rio Pomba, em Cataguases, em uma área de apenas 1,36 km² (pouco menor que a área do Parque Ibirapuera) dentro de uma propriedade particular não protegida da Zona da Mata, no estado de Minas Gerais. A espécie foi descoberta pelo pesquisador Clodoaldo Assis, então vinculado à Universidade Federal de Viçosa, que estuda a biologia do animal para entender suas necessidades ecológicas e desenvolver estratégias de conservação.

Quando adulta, a perereca-pintada pesa de 10 gramas a 20 gramas, mede de 5 centímetros a 8 centímetros e come grilos, baratas, besouros e outros insetos quando mantidas sob cuidados humanos. A espécie não é venenosa e ainda não se sabe quanto tempo vive. Desde 2021, quando as primeiras fêmeas foram para o Cecfau, houve cinco desovas bem-sucedidas, duas em 2022 e três em 2023. A temporada reprodutiva de 2024 iniciou em outubro e irá até o início de 2025.

No estado de São Paulo, o Cecfau participa de um projeto para conservação ex situ da espécie, ou seja, fora do seu ambiente natural. O objetivo é ter uma população de segurança em cativeiro, caso a espécie seja extinta na natureza. “Iniciamos o trabalho de conservação e reprodução com dez pererecas de Minas; hoje já temos 265 no local, além de outras enviadas para instituições parceiras. Estamos no período de reprodução e devemos ter mais indivíduos por aqui”, explica Giannina Piatto Clerici, assessora técnica do centro, sobre a importância do trabalho com a espécie.

O Cecfau foi a primeira instituição no mundo a possuir um local específico para a reprodução da perereca-pintada-do-rio-pomba e continua sendo a única a reproduzir a espécie. Outras duas instituições parceiras desenvolvem pesquisas com indivíduos nascidos na “maternidade de animais silvestres”. “Ainda estamos estudando a espécie, mas, pelo histórico que temos, a fêmea posta de 1.100 a 3.800 ovos por vez, e cerca de 3% a 9% dos animais atingem ao menos um ano de vida”, explica Giannina.

A “maternidade de animais silvestres” foi inaugurada em 19 de junho de 2015 e contava, na época, com seis araras-azuis-de-lear, 11 micos-leões-da-cara-dourada, dois micos-leões-dourados, nove micos-leões-pretos e seis tamanduás-bandeira. Hoje são 13 araras-azuis-de-lear, 24 micos-pretos, um mico-leão-de-cara-dourada, 13 saguis-da-serra-escuro, três tamanduás-bandeira, além de 265 pererecas-pintadas-do-rio-pomba

Em breve, o Cecfau começara a trabalhar com a jacutinga. “Estamos aguardando a construção de novos recintos e dependemos também da recomendação formal de movimentação pelo consultor genealógico da espécie.”

A escolha das espécies a serem trabalhadas no Cecfau segue as diretrizes nacionais e internacionais para a conservação e priorização das espécies. São considerados também a capacidade de manutenção no local, a estrutura física e operacional existente e outros aspectos pertinentes para que os objetivos da manutenção ex situ sejam atingidos.

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